terça-feira, 6 de outubro de 2009

The best thing you ever had has gone away - Radiohead - High and Dry

...no começo era apenas uma boa lembrança, aquelas que vem a mente com um largo sorriso nos lábios. Tinha prazer em sentir saudade de alguém, há tempos permanecia em breves e espassados relacionamentos, tão efêmeros quanto meus cigarros diários.
Com o passar do tempo, sua presença passa a ser constante, sonhos, as tais "boas lembranças" e até mesmo nos meios de comunicação. Claro, tudo isso foi acontecendo aos poucos e sou responsável por boa parte disso, afinal me permiti ir até aonde desse, não tenho nada a perder mesmo. Ao menos era assim que pensava.
Diminuimos o fosso físico, mas não estreitamos a relação. Permanecemos desconhecidos, mas com alguma intimidade. É assim que o vejo hoje.
A saudade só aumentou...com o passar dos dias, sentia mais e mais sua falta, achava o tempo todo que o encontraria em meu caminho, passava os dias a olhar nas ruas para ver se via seu sorriso, sua voz, sua presença distante. Entretanto não paramos por aí. Estreitamos mais ainda os laços e desde então sinto mais frio, menos fome, menos paz, mais enfermidades estranhas, e uma dor estranha. Isso apenas no que posso perceber, há muito mais no campo das ideias ocultas que não saberia definir.
A caminho de escrever essas palavras soltas, li um poema do Neruda num destes sites de frases, poxa, nem sei o nome do poema mas fiz uma ligação direta com o que queria expressar...e lá vai! Com vocês:


Pablo Neruda

(...)Ela amou-me, por vezes eu também a amava.
Como não ter amado os seus grandes olhos fixos.
Posso escrever os versos mais tristes esta noite.
Pensar que não a tenho. Sentir que já a perdi.

Ouvir a noite imensa, mais imensa sem ela.
E o verso cai na alma como no pasto o orvalho.
Importa lá que o meu amor não pudesse guardá-la.
A noite está estrelada e ela não está comigo.

Isso é tudo. Ao longe alguém canta. Ao longe.
A minha alma não se contenta com havê-la perdido.
Como para chegá-la a mim o meu olhar procura-a.
O meu coração procura-a, ela não está comigo.

A mesma noite que faz branquejar as mesmas árvores.
Nós dois, os de então, já não somos os mesmos.
Já não a amo, é verdade, mas tanto que a amei.
Esta voz buscava o vento para tocar-lhe o ouvido.

De outro. Será de outro. Como antes dos meus beijos.
A voz, o corpo claro. Os seus olhos infinitos.
Já não a amo, é verdade, mas talvez a ame ainda.
É tão curto o amor, tão longo o esquecimento.

Porque em noites como esta tive-a em meus braços,
a minha alma não se contenta por havê-la perdido.
Embora seja a última dor que ela me causa,
e estes sejam os últimos versos que lhe escrevo.

As pessoas morrem e sentimos a dor da ausênsia, só que a vida continua, abrimimos os olhos todos os dias e isso é a constatação do ser que vivo, apenas por mera coincidência, segue seus dias nas buscas de felicidade com gosto de passado, presente da vida que vira e mexe se mexe e transforma a caminhada.

Nenhum comentário: