domingo, 13 de dezembro de 2009

Espelhos



Belo Botânico, inspirador de grandes artitas, com seus belos espelhos e ninfas; lugar onde as dores se despejam e os olhares florescem como as belas espécies de plantas que lá residem e resolvem nos presentear na primevera com belo show de luzes e cores.
Talvez esta não tenha sido a mais bela impressão que tive do lago principal do botânico, porém faz parte de um trabalho que gostaria de desenvolver no presente momento. A foto é algo de um passado que presente fica em memória, e somente neste momento presente lhe carrego de sentido.
O sentido não poderia ser o mesmo de dois anos atrás quando presenciei tal espetáculo, porém com algumas informações a respeito de arte (graças as aulas do Brolezzi) essa foto imprime outras sensibilidades.
Me transfere, de maneira muito humilde (claro) aos quadros do Sr. Monet. Este dedicava-se a registrar não o objeto, mas as impressões retidas; dos espetáculos de luzes e cores; do mundo novo; da literatura de jornal; do tempo presente.
Surge então uma questão: será que há verdade no que vemos? Ou, o que existe são nossas verdades particulares e viciadas?
Pode ser que ao enxergarmos algo, não o enxerguemos em sua totalidade, apenas vemos uma fração da história. Entre nossos olhos e os objetos há fumaça, poeira, luz, sombra e tantas outras cores que nossas retinas não conseguem absorver, por sermos limitados.
Sim, somos limitados e vemos apenas aquilo que queremos. De preferência algo muito rápido, impressões efêmeras de um mundo que não pára um instante e não nos permite passar muito a contemplar ao redor.
Iluminados ficam apenas os pequenos detalhes do menos obscuro, do mesmo, de nossas vontades e conhecimento, todo o resto nos causa medo e repulsa.
Repudiar o estranho não é algo que se admita assim, com facilidade...claro, o orgulho é nosso sobrenome, uma vez que o medo é primeiro, aquele que se apresenta mesmo de maneira tímida, já que o sobrenome é o mais importante. Oras, ele é a herança de nosso tempo, de nosso familiares, reflete de onde partimos e define nosso estado presente.
Admito hoje com menos orgulho meu medo e com mais otimismo minha corvardia. Talvez sejam as versões que vejo no espelho.
No espelho vejo apenas a sombra de algo que não é. Desencano das olheiras, mas percebo as marcas que expressam cada vez mais o que me preocupa, e mesmo os olhares dispensados a outros.
Vejo que algo poderia ser mudado, mas cansa. Cansa pensar e tentar...
Carrego, como objeto de sorte, a mais bela certeza que não serei a única neste mundão a ver que não se vê tudo, e mais: não perdemos quando encaramos apenas uma parte do todo, muito pelo contrário, tornamos menos complexo, afinal todo momento pode ser sentido nos espassados e parcos instantes da vida.

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